Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Estudos Geotectônicos (INCTET), com sede na Universidade de Brasília e participação de diversas instituições do Nordeste e Sudeste do Brasil visa reunir equipes de pesquisadores que no Brasil investigam a estrutura mais profunda da crosta e do manto superior. A organização é multidisciplinar, congregando geofísicos e geólogos especializados em técnicas diversas, permitindo estudar o interior da terra com base em diferentes propriedades das rochas que a constituem. O propósito inicial do Instituto é o estudo da crosta continental e do manto superior do Nordeste do Brasil. O projeto visa a realização de estudos geofísicos e geológicos no Nordeste, objetivando o entendimento da estruturação tectônica da região e sua dinâmica atual. O foco do projeto é a Província Borborema e o adjacente Cráton do São Francisco. A província consiste em complexo conjunto de blocos crustais de diferentes idades, origem e evolução, amalgamados no último evento orogênico que afetou o território brasileiro, a Orogenia Brasiliana, desenvolvida no final do Neoproterozóico e início do Fanerozóico, no contexto da construção do supercontinente Gondwana. O cráton é também complexo amálgama de blocos crustais arqueanos que colidiram durante evento orogênico paleoproterozóico, quando se formou cinturão móvel de alto grau. A complexidade tectônica do Nordeste, superimposta pela ruptura continental que separou América do Sul e África e levou a formação do Oceano Atlântico sul, tem desafiado os geólogos brasileiros ao longo dos anos na tentativa de compreender a estruturação regional e entender o significado da compartimentação regional em termos de origem e evolução da crosta continental. Mesmo os subsídios adicionais propiciados por levantamentos gravimétricos e aerogeofísicos têm sido insuficientes para estabelecer e compreender a estrutura crustal do Nordeste. No presente projeto é preconizada a realização de experimentos de refração sísmica profunda ao longo de duas transectas de cerca de 800 km cada, transversalmente às estruturas regionais, consistindo em 400 sismógrafos portáteis espaçados de 2 km para registro de ondas sísmicas geradas por fonte controlada. Processamento e interpretação dos registros permitirão o reconhecimento das estruturas presentes na crosta e no manto superior em três dimensões. Sismógrafos de banda larga e registro digital serão utilizados para estudos da crosta e da litosfera com dados de telessismos, aplicando técnicas sismológicas modernas, como função de receptor, dispersão de ondas superficiais, tomografia sísmica e inversão conjunta desses métodos. Estações de período curto serão usadas para registro de sismos locais e regionais, visando monitoramento da atividade sísmica que ocorre em várias áreas do Nordeste e determinar o regime de esforços existente na região. Os experimentos de refração serão acompanhados por sondagens geoelétricas e complementados por dados gravimétricos, visando aperfeiçoar os modelos estruturais da crosta e manto superior. Os dados geofísicos serão integrados com dados geológicos disponíveis, complementados por novos estudos estruturais, tectônicos, geoquímicos e geocronológicos, contribuindo para estabelecer idade e origem das rochas expostas. Paralelamente, serão realizados estudos de neotectônica nas áreas sismogênicas do Nordeste, visando entender a evolução crustal, tendo como foco a reativação de grandes estruturas crustais no Cenozóico. O projeto será desenvolvida por equipes das universidades de Brasília, Rio Grande do Norte, São Paulo, Estadual de Campinas, Ceará, Pampa, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e Observatório Nacional, que já atuaram em parceria em projetos anteriores. O enfoque é multidisciplinar, reunindo geofísicos e geólogos, especialistas em vários campos do conhecimento compreendidos na Geofísica e na Geologia.
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